terça-feira, 20 de março de 2012

Resenha Crítica do Filme "O Clube do Imperador"


 
Hoffman, Michael. O Clube do Imperador (The Emperor's Club). EUA 2002.



A história passa-se numa conceituada escola tradicionalista para rapazes, St. Benedict's, cujos alunos pertencem à alta sociedade. William Hundert (Kevin Kline) é um dos melhores professores de história e tem grande preocupação em passar lições de moral e princípios por meio de estudo acerca da filosofia Greco-romana e seus grandes pensadores. A sua rotina muda quando Sedgewick Bell (Emile Hirsch), filho de um senador, passa a estudar nesta escola e os ensinamentos de Hundert entram em choque com o comportamento deste novo aluno.
De início, Sedgewick chegou a afetar a rotina dos alunos, já que não enxergava valor algum no que era ensinado por Hundert, tentando corromper os costumes desta escola. Hundert voltou a sua atenção para o filho do senador com o intuito de tentar conquistá-lo e fazer com que se interessasse pelos estudos, sem obter êxito de início. Porém, após algumas tentativas, e uma conversa com o pai de Sedgewick, o professor consegue fazer com que o mesmo se empenhasse e participasse do concurso Júlio César (líder militar romano). Este concurso era uma das tradições desta escola e consistia em responder perguntas feitas sobre a Grécia e Roma antiga, e na grande final apenas três finalistas participavam. Muitos pais destes alunos chegaram a participar deste concurso com êxito.
Hundert acreditava que Sedgewick poderia mudar seu comportamento diante dos outros, o que fez com que o colocasse na final do concurso Júlio César, burlando sua nota, mesmo sem mérito, achando que estaria fazendo algum bem para ele. Contudo, decepcionou-se com o aluno que ajudara, notando que este estava trapaceando. Da mesma forma que fez com que Sedgewick participasse da final do concurso, Hundert fez com que o perdesse, perguntando o que tinha a certeza que este não saberia responder. Apartir daí, Sedgewick passou a ter mal comportamento seguidos de notas baixas fazendo com que Hundert experimentasse um forte sentimento de fracasso.
Anos depois, Sedgewick se transformara em um grande empresário. Com o pai falecido, quis prestar homenagem a ele fazendo uma significante doação à St. Benedict’s sob a condição de programar uma revanche do concurso que fora derrotado no passado, com a presença de todos os amigos da época e de seu antigo professor de História. Hundert, apesar de estar decepcionado por não conseguir a diretoria da escola (já que o antigo diretor falecera) por um funcionário que no passado fora indicado por ele, aceita o convite.
No entanto, após verificar que mais uma vez Sedgewick trapaceou utilizando-se de um aparelho auricular, em que um universitário lhe dizia as respostas, Hundert leva mais um golpe e então mais uma vez, faz com que seu ex-aluno perca o concurso. Após o acontecido, Sedgewick anuncia a sua candidatura ao senado.
Hundert trabalhava para uma a instituição em que acreditava em sua metodologia e principalmente nos valores que apregoava. Como professor de história, era aplicado e buscava ensinar a seus alunos valores através de ensinamentos de grandes filósofos da antiguidade. Para ele, o mais importante era viver uma vida com retidão. Afirmava que “a ambição e conquista sem contribuição não tem significado”, ou seja, que de nada adiantaria o homem almejar grande conquista para si se esta não trouxesse grande contribuição para a sociedade.
Hundert tentou ajudar Sedgewick, pois se identificara com o filho único de pai importante, pois também era filho de um. Quando afirmou que “por mais que tropecemos o dever de um professor é esperar que o ensino mude o caráter de um menino e o destino de um homem”, tinha a esperança de que ensinamentos apropriados poderiam mudar ou mesmo tecer o caráter de um indivíduo, e mesmo que a família lhe ensinasse o contrário, obteria êxito como educador e Sedgewick fora o seu desafio, pois acreditou nele mais do que ele próprio.
Hundert deu mais que uma chance para Sedgewick, ofereceu-lhe a oportunidade de transformar-se não só num homem de sucesso, mas de transformar-se num homem bem sucedido e correto diante de sua família e achegados. Hundert compreendeu que Sedgewick tinha um relacionamento de pouca afetividade e diálogo com seu pai. Percebeu também que apesar da distância entre os dois, Sedgewick tinha esperanças de ainda ser ouvido por seu pai, respondendo a sua indiferença através da sua rebeldia. Desta forma, o valor que o senador não possuía e, por isso, não podia passá-lo a seu filho, Hundert tentou imprimir em seus ensinamentos para que fossem absorvidos por Sedgewick.
Atualmente, muitos pais ao matricularem seus filhos em uma instituição de ensino, acreditam que além dos ensinamentos necessários a sua formação educacional, a instituição também tem o papel de transformar seus filhos em homens corretos, de idoneidade inquestionável, livrando-os de mais esta responsabilidade. Esta confusão quanto à verdadeira função de uma escola é fruto de uma sociedade que mudou os seus hábitos familiares, pois a necessidade de trabalhar mais para obter maiores ganhos tem tirado não só o pai de dentro de casa, por ter mais necessidade de passar mais horas em seu trabalho para sustento da família, mas a mãe do seio familiar para o mercado de trabalho, fazendo com que os pais confundam a verdadeira função de uma instituição de ensino, confiando assim, não só a educação necessária a formação de seus filhos à escola, mas a responsabilidade de ensiná-los valores e princípios necessários para a formação de seu caráter.
Desta forma, é válido afirmar que o caráter de um homem é moldado através de seio familiar, por meio de experiências e ensinamentos vividos e passados dos pais a seus filhos, pois, se assim não fosse, não existiria entre grandes profissionais, magistrados e políticos, exemplos de falha e por que não dizer, distúrbio de caráter no meio daqueles que juraram defender a lei, a saúde e a vida humana.
Portanto, a família tem um papel fundamental no destino de cada um. Esta obra mostra que somos em essência o que a nossa família nos imprimiu acerca de hábitos, costumes, princípios e valores durante o início de nossa existência. Este filme é indicado para estudantes e profissionais da área de humanas bem como educadores, estudantes da área de saúde como psicólogos e também aos pais, filhos e familiares em geral.
Texto resenhado por Fernanda Carla dos Santos Vital Brito, discente da disciplina Português Instrumental, do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Estadual da Bahia - UNEB, CAMPUS XIX.


REFERÊNCIAS
O Clube do Imperador. (The Emperor’s Club). Direção: Michael Hoffman EUA. 2002. DVD (109 min),  widescreen, color., dublado.

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